Antes de mais nada: em casa só se ganhava brinquedo novo no aniversário, no Natal e no dia das crianças - ponto! E não existia brinquedinho de R$ 1,99, nem essa variedade de marcas e modelos.
A primeira boneca que me recordo era de pano, chamava-se Miriam e era feita de feltro preto e cabelos de lã da mesma cor. Dormia comigo, firme, com a metade do rosto sufocada sob o travesseiro. Babei tanto nela que o tecido ficou puído e dava pra ver o enchimento de algodão branco.
Também tive uma Mônica de plástico, estática, com o polegar apontando um "joinha" eterno e aquele sorriso expondo os dentões naquela cabeçorra.
Lembro-me também de uma Emília, também de pano e que amei demais. Essa era mais bem feitinha, mais "moderna". E é a primeira que eu me lembro de ter ganhado do meu pai num Natal - das anteriores não me lembro a data.
E apesar de ter ganho outras bonecas, minha paixão sempre foram os jogos. Ludo, Damas, Dominó a princípio. Depois, Detetive, Banco Imobiliário, Resta 1 e outros jogos de tabuleiro.
Meu pai me ensinou a jogar baralho, buraco, pife-pafe mas nunca conseguiu me ensinar truco.E também não aprendi a jogar xadrez.
Minha irmã trabalhou numa empresa que presenteava os filhos dos funcionários e embora eu não o fosse, sempre participei das festas de confraternização e ganhava meus brinquedos: Laranjinha, Boca Rica, Pula-Pirata. E não pense que era assim, aleatório. O funcionário escolhia qual presente seu filho receberia. Só brinquedos da Estrela, que na época imperava nesse mundo.
Outra coisa que também me lembro é que no mês das crianças, a mesma Estrela lançava um catálogo com as novidades (tipo um folder de supermercado) que trazia uma máscara de algum personagem ou herói e era distribuído nas lojas de brinquedos. E eu ficava tão feliz com a máscara que até esquecia das tantas opções ilustradas.
Hoje vejo meu filho ganhando alguns brinquedos caríssimos e se divertindo muito mais com uma espada de plástico. Criança é tudo de bom sempre.
Fui!