sábado, 27 de março de 2010

Minha mãe

Estive pensando: tenho tantas lembranças do meu pai e quase nenhuma da minha mãe. Surgiu uma certa preocupação e até sentimento de culpa, porque ela está comigo até hoje e já passamos por tantas situações... Como posso nter tão poucas lembranças dela na minha infância? Talvez porque mãe é quem educa, fica responsável pela parte chata que inclui proibir e podar certas atitudes.
Nessa primeira fase da minha vida, lembro-me dela sempre na cozinha, fazendo crochê, pintando tecidos, costurando. Uma dona de casa que acredito ser como a maioria daquela época.
Nunca vi ela e meu pai se abraçando ou se beijando, mas a convivência era de muito respeito entre eles. Talvez fosse o suficiente para ficarem casados até que a morte os separasse.
Não me lembro dela brincando comigo e ao contrário do meu pai que amava a leitura, esse não era seu forte.
Ela costumava contar histórias para eu ormir, mas normalmente eu ficava esperando o final da fábula, porque ela dormia antes de mim...
Outra coisa que também melembro é de uns bonequinhos que ela fazia com a casca de laranja, pequeninos, que ela esculpia com uma faquinha que era exclusiva para descascar a fruta. E havia também um ossinho do frango em forma de Y, que ela colocava pra secar e depois eu e meu pai, cada um pegava numa pontinha do osso e puxava. Quem ficasse com a parte maior do Y ganhava, mas nunca se recebia prêmio algum.
Minha mãe sempre foi muito vaidosa. Sempre me lembro dela bem vestida, mesmo pra ficar em casa. Cabelos tingidos, bem cortados, unhas feitas. Até hoje, no alto dos seus 83 anos, ela continua exigente com a aparência.
Seu carinho nunca foi expresso por toques, abraços ou beijos. Ela nunca teve jeito pra essas coisas. Sua atenção com a família era transmitida através de uma comida que estávamos com vontade e ela fazia, de uma roupa que queríamos usar em certa ocasião e ela nos entregava lavada e passada, na casa sempre em ordem. Mas nada de colo, nunca.
Por hoje é só!
Fui.

domingo, 21 de março de 2010

Festinhas I

Hoje fui com minha família ao aniversário de 1 aninho da filha de uns amigos, programinha básico de domingo e não pude deixar de lembrar das festinhas da minha infância.
Antes de mais nada, esqueça tudo isso de buffet, brinquedos eletrônicos, temas infantis. Não existia nada disso, pelo menos não nas festas que minha mãe fazia pra mim e nem nas que eu frequentava.
O bolo era feito em casa mesmo, no meu caso eram minha mãe e minha irmã que se revezavam nesta tarefa.
Não me lembro também de tantos sabores: ou era pão-de-ló (branco) ou de chocolate. O recheio nomalmente era de doce de leite com ameixa ou uma maçaroca de mingau de maizena com alguma fruta (pêssego em calda ou abacaxi). A cobertura era de glacê, que nada mais era do que claras batidas em neve com açucar, que minha jurou a vida toda que bastavam umas gotinhas de limão ou umas raspinhas do dito cujo que o cheiro do ovo desaparecia (tudo mentira!).
Embora brigadeiro seja tudo de bom, não me lembro de docinhos nas festas, mas acredito que eram servidos sim.
Os refrigernates eram servidos em garrafinhas individuais, de vidro. Todo mundo tinha em casa pelo menos uma caixa de garrafas vazias (chamávamos de casco) de refrigerante de 1 litro, cerveja (que também servia para a delíciosa tubaína) e essas garrafinhas menores. Tudo retornável. Levava vazia, trocava pela cheia. Normalmente o armazenamento dos cascos não era feito com a higiene que deveria, então era comum encontrar baratas e outros insetos "morando" em seu interior (eeeeeca!).
Também não me lembro dos clássicos salgadinhos de festa, mas havia duas "especiarias" que não podiam faltar: aquelas batatinhas nadando no óleo, temperadas com cebola e salsinha e os picles, que eram servidos espetados num palito de dente, juntamente com um pedaço de salsicha. Detalhe: o luxo era espetar os palitos prontos num repolho (sim, o legume) que normalmente era prateado (efeito do papel alumínio que o encapava).
Não sei se tive muita festas de aniversário, mas lembro de algumas poucas onde o cenário era sempre esse. Na verdade, nem sei se essas comemorações eram na minha casa ou de outras pessoas. Só sei que eram assim as festinhas da minha infância.
Como sempre, vou procurar algumas imagens para postar abaixo.
Fui!












sábado, 20 de março de 2010

Passeando

(agradeço aos amigos que tem lido e opinado a respeito do meu blog. Até agora não recebi nenhuma crítica, o que não significa que esteja no caminho certo.
Quero responder algumas questões:
- eu nasci em 1971, em plena Ditadura Militar, o que significa que minha infância se passa durante a década de 70;
- sim, eu vou contar histórias envolvendo meus amigos, mas suas identidades serão SEMPRE preservadas;
- não, nada de pessoas que não valem a pena. só histórias que me trazem boas recordações.
Não sei quantos posts serão necessários para ilustrar minha infância, portanto, tenham paciência. Mais dia, menos dia, vocês se verão retratados aqui)

Antes de eu nascer, meus irmãos tiveram seus cães de estimação, mas com a morte deles e a dor da perda causada em seus filhos, minha mãe decidiu que NUNCA mais queria saber de "bicho em casa".
Mas meu pai sempre gostou de cães e nos nossos passeios ele sempre se arriscava fazendo um carinho nos cachorros que encontrava pelo caminho, mesmo os que estavam presos em seus quintais, atrás das grades dos portões. Eu morria de medo!!! Sempre esperei que o cachorro a ser afagado não entendesse as boas intenções do meu pai e lhe fincasse os dentes, mas isso nunca aconteceu. Mesmo assim, até hoje, prefiro manter uma distância segura dos portões onde sei que há um cachorro do outro lado, ainda que só para não ouvi-lo latir.
Ah, e as balas? Sim, meu pai sempre comprava uma balas de côco, daquelas cobertas com acuçar queimado, sabe? (não sabe? se eu encontar alguma imagem, colo abaixo do post). Era um pouco dura a casquinha, principalmente a parte de baixo, onde escorria o açucar, mas era simplesmente uma delícia! Ainda hoje tem gente vendendo por aí, mas eu nunca comprei. Talvez aquela fosse tão gostosa pelo fato de ser ganhada, de significar que mais um passeio havia terminado, da despreocupação com prazo de validade ou da procedência duvidosa.
Acredito que depois que nos mudamos da primeira casa, esses passeios tornaram-se mais raros, pois fomos morar numa parte mais baixa do bairro e para ir ao comércio era necessário subir uma ladeira e tanto.
Obrigada pai, por me trazer essas lembranças tão doces!
Fui!


Balas de côco (tem tudo nessa internet!)

sexta-feira, 19 de março de 2010

O Cuco

Quando ainda morávamos nessa primeira casa que me recordo, meu pai trabalhava como padeiro à noite, num tempo em que não havia "pão quente a toda hora" e os fornos eram a lenha. Era ele quem preparava a primeira fornada que sairia pela manhã, sendo assim, chegava em casa por volta das 5 ou 6 da manhã (veja bem, acredito que era nesse horário, porque nessa época eu nem me ligava em relógio) com o pão quentinho e o leite (de saquinho).
Depois do café ele dormia até a hora do almoço e depois era todo meu!
Meu pai mancava de uma perna, devido uma fratura mal engessada e seus passos sempre foram inconfundívieis.
Ele tinha uma letra linda, bem desenhada, daquelas que a gente só vê em envelope de convite de casamento, saca? Gostava muito de ler e não tinha restrições: enciclopédias, revistas, jornais, bula de remédio (somos parecidos nesse ponto). Ah, mas seu maior prazer era a matemática.  Acredita que ele ficava inventando contas de multiplicar e dividir com 8, 9 ou mais dígitos só pra mostrar o resultado e dizer que não precisava de calculadora??
Me ensinou a ver as horas e a escrever antes que eu frequentasse a escola.
Mas eu entrei hoje pra contar uma história e fiquei contando outras...
Então vamos lá: meu pai me levava sempre para ver o cuco. É, um relógio cuco que ficava exposto numa loja que ficava numa ladeira da Penha, onde só haviam relojoarias e joalherias. Nós chegávamos e meu pai pedia pra acertarem o relógio (sim, porque pra quem não sabe, o cuco só aparece em hora cheia) só pra eu ver o cuco! Sinceramente, não sei porque eu gostava tanto, mas hoje vejo meu filho ter a mesma curiosidade, então acho que deve ser realmente especial ver o passarinho fake saindo por aquela porta e gritando CUCO, CUCO, CUCO!
Essa é com certeza uma das melhores recordações que guardo do meu pai, que virou estrelinha, como costumo explicar a morte pro meu filho.
Fui!

Relógio cuco (é o nome do passarinho fake)

quinta-feira, 18 de março de 2010

Rapidinha

Calma, não se apavorem, eu não fiz isso quando era criança.
É que hoje foi um dia tumultuado e só entrei pra não perder a mão.
Lembrei-me que quando criança, eu adorava azul. Queria tudo azul: roupas, sapatos, anéis, meias, tudo azul mesmo! Até que um dia encafifei (essa palavra existe??) que havia de existir uma flor azul, e não é que existia?! Minha mãe me falou de uma florzinha chamada miosótis que era dessa cor e eu fiquei tão feliz e realizada com tal revelação que me contentei somente com a informação, sem NUNCA ter visto a bendita flor anil.
Com o tempo meu gosto por cores e flores foram mudando e decidi prestar hoje uma homenagem a flor que me eu acho mais maravilhosa do mundo todo (no momento!).
Fui!


quarta-feira, 17 de março de 2010

A primeira casa

Minha mãe fica impressionada pois me lembro da casa onde morávamos quando eu tinha menos de 2 anos. Era uma casa de fundos, a entrada principal era lateral e subíamos uma escada de lajota vermelha (joga no google) e a parede estava descascando (eu me sentava no degrau e ficava puxando e comendo as cascas... eca!). O quintal não era muito grande e tinha uma entrada para a sala e outra para a cozinha, ambas laterais. A sala era um luxo! Enooooooorme, com um sofá maior e duas poltronas LARANJA E BRANCO, saca? Havia um lustre de plástico, pendurado, redondo, a parte de cima laranja e a debaixo branca, pra combinar com o sofá. A mesinha de centro era de madeira, daquelas com os pernas trabalhadas e tortinhas, e no tampo uma toalha de crochê (sempre, só mudava a cor e o modelo) e sobre ela um enfeite que era um clássico da época: uma base de metal no formato de uma meia-lua, de onde saiam várias varetas como arames, só que molengas e na ponta de cada uma delas havia uma bolinha. A diversão de qualquer criança era juntar e soltar, só pra ver as bolinhas irem e virem (se eu encontrar alguma foto na internet, eu posto). A TV era uma Telefunken (acredito que uma boa marca) de 26 polegadas (um cinema!), parecia um frigobar de tão grande! A imagem era preta e branca e a antena ficava sobre a televisão, ao lado do estalibilizador (fala sério!). Eu adorava quando "queimava" um válvula e meu pai abria a parte de trás para trocar. Era um universo a parte interna da TV!
Ah, e onde eu ouvia os LP's mesmo? Numa vitrola (joga no google) Philips. Gente, era tudo! Era uma maleta, você abria e a tampa era o auto-falante! Fascinante! Depois de muitos e muitos anos já ouvindo cd's ainda tivemos que comprar uma briga com minha mãe para nos livrarmos do objeto...
Nesse quintal, havia mais duas casas, sendo uma do proprietário e outra alugada como a nossa. As únicas crianças éramos eu e o filho da dona da casa que tinha a mesma idade que eu. Não me lembro se brincávamos juntos, mas me lembro dele.
Depois que me mudei, nunca mais tivemos contato. Depois de muito tempo, minha mãe comentou que todos da família dele morreram, inclusive o próprio.
Por hoje é só!
Fui!

olha aí o bendito enfeite de mesa...











eis o estabilizador (imagine sobre a tv, que luxo!)










válvula básica...










e essa aí é vitrola... fofa né??

terça-feira, 16 de março de 2010

Cheguei!!

Eu sou a famosa raspa do tacho, saca?
Sou filha da menopausa, aquela que sua mãe jurou que não ia pegar nada e 9 meses depois lá estava o bebezinho!
Nasci num feriado de Corpus Christi, à tarde, num hospital que nem existe mais ali no Tatuapé.
Na época da adolescência eu associava minha preguiça constante ao fato de ter nascido num feriado, o que não é verdade, porque TODAS as adolescentes são preguiçosas, mas isso só fui constatar depois.
Minha irmã diz que eu era a mais cabeluda do berçário, e a mais linda também! hehe
Aliás, sou caçula de três irmãos. O mais velho tinha 21 quando nasci (o do meio morreu antes de completar 6 meses de vida) e minha irmã tinha 18 quando cheguei nesse mundo de meu Deus.
Dizem que falei e andei antes de completar 1 ano e larguei as fraldas cedo também.
Minha família morava na Penha e foi lá que passei toda minha infância e adolescência, durante muitos anos na mesma casa.
Por conta da idade dos meus irmãos, sempre tive pais ao quadrado. Isso quer dizer que fui mimada, sempre tive meus privilégios. Mas também fui cobrada duplamente muitas vezes e essa foi a parte não muito legal.
Sempre ouvi boa música, graças ao bom gosto de todos. MPB, rock, música clássica, música caipira (não esse sertanejo de hoje), samba (nada de pagode, samba mesmo).
Meu irmão trabalhava com música, então em casa sempre tinha LP novo (não é da sua geração? joga no google).
Eu morria de medo da capa do disco dos Secos e Molhados e minha irmã fazia questão de me mostrar só pra me ver chorar! kkkkkkkkk
E também tinha medo de uma música que tinha no LP da Turma da Mônica, do personagem Horácio, era um coral e eu ficava aos prantos quando ouvia! kkkkkkkkkk

Bem , por hoje é só pessoal! Fui...