terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Eleições

Quando eu era criança, os jingles das campanhas eram cantados por nós muitas vezes incorretamente, ou porque o candidato tinha um nome no mínimo peculiar, ou porque a gente não entendia mesmo o que dizia a letra. “Onem Quércia, Onem Quércia, do emedebê”. Gente, até hoje o nome Orestes me soa um tanto extravagante, digamos assim.
A escola que eu estudava virava uma festa pra mim e outros coleguinhas, que assim como eu, acompanhavam seus pais para votar e voltavam pra casa com adesivos de vários candidatos e de vários partidos, colados na camiseta, na calça, na saia, no braço, onde tivesse espaço. Além de ficarmos “catando” os santinhos espalhados no chão, até juntarmos um monte e fazermos o famoso ALELUIA! Mas a glória era ganhar uma camiseta de propaganda do candidato! Aí era o ápice!
Eu fazia boca de urna para todos os candidatos, de graça e sem saber que era proibido. Mas não porque era recrutada, mas porque além de “reespalhar” a papelada jogando pro alto, também achava o máximo entregar os panfletinhos pras pessoas. Algumas, sabendo da procedência (o chão, nesse caso), se esquivavam. Outros achavam uma gracinha e acabavam aceitando a oferta.
Será que eu consegui convencer alguém a votar em algum desses candidatos? Tomara que não...
Fui!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Inverno

Quando eu era criança o inverno era frio messsssssmo! Lembro-me de ir pra escola usando luvas, botas, ivanhoé (uma touca que cobria o pescoço também, uma coisa Idade Média), uniforme sobre o pijama. Era impossível escrever, pois os dedos ficavam duros e bastava parar um pouquinho de brincar para o corpo começar a tremer, batendo os dentes.
O leite não era de caixinha, vinha num saquinho que minha mãe colocava num suporte de plástico e cortava a ponta. O inverno era tão rigoroso que muitas vezes o leite congelava e não passava pelo buraco, obrigando um talho maior ou alguma paciência esperando descongelar.
Da torneira da cozinha não saía nada, pois a água havia congelado no cano.
Há dois quarteirões da minha casa havia nessa época a padaria mais próxima, que ficava na esquina da rua onde acontecia a feira de 4ª feira. Na marquise dessa padaria dormia um mendigo, daqueles conhecidos do bairro, que as pessoas “ajudam” pagando um rango, dando um dinheirinho, doando um cobertor. Num dia desses de frio intenso, meu pai chegou com a notícia que o coitado havia sido encontrado morto ali na calçada. O papelão, o cobertor e a pinga não foram capazes de aquecê-lo.
Fui!

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Primeiro dia de aula (e outras impressões)

Como eu faço aniversário em junho, entrei para a 1ª série com 6 anos e meio de idade. Eu não freqüentei o prezinho porque minha mãe tinha dó de me colocar na escola muito pequena.
Nada de mochila nova. O primeiro lugar onde carreguei meus cadernos e lápis foi numa pasta preta, de couro, que tinha sido usava pelo meu pai acredito que no trabalho (veja bem, não me lembro quando meu pai deixou de ser padeiro) e uma lancheira com formato de algum bicho (elefante ou porco) que trazia uma garrafinha de plástico bem safada (assim como a lancheira) e sempre vazava o suco.
Ao contrário de muitas crianças, não chorei no primeiro dia de aula. Muito pelo contrário! Me sentia orgulhosa por já saber escrever algumas palavras com letra de forma (meu pai havia me ensinado), mas acabei quebrando a cara. A professora deu um desenho de um palhacinho para colorirmos e pediu para colocarmos nosso nome com letras corridas E EU NÃO SABIA!! Foi aí que eu dei o primeiro pelé na escola: nunca devolvi o desenho por vergonha de não saber escrever. Mas agora lembrando do episódio, penso que eu não era a única, pois assim como eu muitos ali não haviam passado pelo pré-primário.
Ah, e também não posso esquecer de falar sobre a foto do boletim, que nessa época tinha várias páginas, parecia um livrinho. Minha mãe me levou para tirar a foto num dos vários estúdios que existiam no Largo do Rosário, no centro comercial do bairro da Penha. Mas quando eu entrei na sala, aqueles guarda-chuvas, luzes, câmera e ação... Jesus! abri a boca a chorar. Só depois que me acalmei é que foi possível fazer a bendita foto 3X4, em preto e branco, eu com aquele cabelo comprido e cacheado nas pontas e cara de choro. Até hoje não sei porque e nem do que eu tive medo, mas a foto ainda existe para comprovar que muitas lágrimas rolaram.
Fui!

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Copa 1982

Em se tratando de Copa do Mundo, a primeira derrota que tenho lembrança é a de 1982.
Eu tinha 11 anos na época e tudo que me interessava era a farra dos vizinhos pintando temas da copa na rua (Bandeira Nacional, o mascote Laranjito, brasão da CBF etc.) e as fitinhas verde-amarelas sendo penduradas poste a poste. No final a rua estava linda, toda decorada!
Não me lembro de ter assistido os jogos, mas também eu não entendia e nem gostava de futebol, porém meu pai e meus irmãos torciam e assistiam a todos os jogos.
Fiquei sabendo que o Brasil perdeu porque me lembro do meu pai muito nervoso (como não era comum) e da casa em frente a minha saiu um cortejo fúnebre, com um caixão improvisado e na cabeceira uma placa de papelão com os dizeres “Waldir Frangueiro Peres”. Um dos meus melhores amigos da rua fez o papel de padre e seguiu dando a “extrema unção” ao pobre goleiro enterrado vivo. O cortejo seguiu por várias ruas próximas e muita gente saiu acompanhando. Eu assisti a tudo de cima do muro de casa achando graça, porém sem entender muito bem quem era o tal Waldir Peres e nem porque o estavam velando.
Pelo menos eu não fiquei com raiva como acontece hoje. Grrrrrrrrrr
Fui!

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Festa Junina

Vou me adiantar um pouco cronologicamente, pois antes que termine esse mês, preciso falar sobre festas juninas.

Lembro-me de uma única vez ter dançado quadrilha na escola e por falta de representantes masculinos, eu fui o noivo. Havia um lance de miss e mister caipirinha e as crianças levavam pra casa uns números, como se fosse uma rifa só que sem prêmios pra quem adquirisse, mas o aluno e a aluna que vendessem mais números eram os eleitos. Os brindes sorteados nas barracas da quermesse eram prendas arrecadadas por nós na vizinhança, normalmente enlatados, pacotes de macarrão e coisas do gênero. Mas das festas da escola eu não guardo muitas recordações, não sei por que.
Como eu morava próxima a uma igreja católica, nos finais de semana também havia festa durante todo o mês de junho. Essa quermesse eu freqüentei até a adolescência e sei que acontece até hoje. Havia as barracas de doces, churrasco (no pão ou no espeto), quentão, vinho quente e pinhão e de jogos, como a argola (que além da garrafa, tinha que encaixar num quadrado de madeira no chão; impossível!), a pescaria (onde TODOS os peixinhos eram o nº 1, ou seja, garantia de um brinde meia-boca) e aquele jogo do coelhinho que sai correndo do centro da barraca em direção a uma das casinhas com um nº na porta e a prenda sobre ela (uma vez ganhei um joguinho de dominó de plástico nessa do coelhinho). No salão social da paróquia rolava o bingo, mas o público era em grande parte formado por famílias, senhoras e adultos em geral. Além disso, havia a barraca do beijo (nunca fui... buáááááá), a cadeia (onde você mandava prender alguém por determinado tempo, por algum motivo bom ou ruim, nunca entendi direito) e o correio elegante (esqueça torpedos, MSN ou scraps). O máximo era estar numa rodinha com as amigas e receber aquele recadinho em forma de coração! Ficava todo mundo curioso em saber de quem veio o recado, muitas vezes anônimo. Mas quem recebia sabia de quem vinha ou acabava descobrindo no decorrer da festa. Muitos namoros surgiram aí. Ou ao menos uns beijinhos.
Fui!

segunda-feira, 21 de junho de 2010

O parquinho

No mesmo terreno onde se armavam os circos, também se montavam os parquinhos itinerantes. Sim, porque não havia Playland e o primeiro shopping mais próximo só iria aparecer na década de 1980.
Mas esqueça esses brinquedos modernos enclausurados num shopping. O lance era ao ar livre: passear no carrossel, pilotar um carrinho de bate-bate e girar loucamente no bicho-da-seda (joga no Google). Havia também aqueles aviõezinhos que sobem e descem presos num pedestal e a roda-gigante. Tudo isso acompanhado de um guaraná caçulinha, pipoca e maçã-do-amor.
Os parquinhos começavam a funcionar no finalzinho da tarde e acredito que o movimento permanecia até umas 10 horas da noite.
Ficávamos sabendo da chegada de um circo ou parquinho através de um carro que passava nas ruas anunciando datas, horários e atrações.
Não havia segurança porque no parque não havia portaria, nem entrada e saída. Os brinquedos já eram bem velhos naquela época (imaginem hoje!) e não posso garantir que havia manutenção deles. Mas a gente se divertia a beça e nem se preocupava com essas coisas.
Numa ocasião, um parquinho trouxe como atração a Monga. Sim, essa mesmo que vocês conhecem (quem nunca ouviu falar, por favor, vá ao Playcenter). Minha irmã e minhas primas resolveram encarar a transformação da bela em gorila e pasmem!, uma de minhas primas que vivia com bobs (Google novamente) gigantes nos cabelos, saiu correndo de medo e enroscou os benditos na corda de isolamento da saída da atração. O que pode ser pior: a Monga ou alguém sair com bob no cabelo? Assustadoras não?
É isso.
Fui!

domingo, 6 de junho de 2010

O circo

Não posso deixar de contar que do outro lado da rua onde existia a enorme pedra, era um terreno baldio (onde hoje há uma academia, residências, comércio e uma avenida). Mas era “O” terreno. E adivinhem o que acontecia por lá? Sim, parquinhos itinerantes e circos!
Os circos cheiravam a esterco e serragem. Como era de terra, então onde ficavam as arquibancadas (pensa na segurança? não havia nenhuma) o chão era coberto por serragem e o picadeiro era coberto por uma lona colorida (na maioria das vezes beeeeem desbotada). Os animais (sim, ainda era permitido) estavam sempre encardidos: lhamas, leões, cavalos, cachorrinhos e chimpanzés. Raramente aparecia algum tigre. Ah sim, e os elefantes! Esses estavam sempre subindo naquele minúsculo banquinho ou andando sobre aquelas mulheres lindas (?), vestidas com colants coloridos e cobertos por paetês. As habilidades dos animais eram normalmente as mesmas: cães jogavam futebol e pulavam entre arcos; chimpanzés pedalavam monociclos e participavam do show dos palhaços; leões saltavam nos pedestais ao som do chicote do domador e alguns destes se arriscavam em colocar a cabeça dentro da boca da fera (coragem!); lhamas e cavalos eram montados com graça pelas mulheres circenses. As crianças adoravam e os adultos também, ignorando os maus tratos sofridos pelos pobres animais, muitas vezes abandonados na velhice, sem a mínima consideração por seus anos de dedicação gratuita ao dono do circo.
Também havia o mágico, com aqueles truques mais manjados do mundo (mas que até hoje não consegui desvendar) e sua partner (leia-se auxiliar, mas eles usavam o termo em inglês para sugerir alguma sofisticação). Era aquilo de serrar a coitada ao meio, coloca-la numa caixa e faze-la desaparecer, o lenço que se transforma numa pombinha e aquela carta que ele mandava alguém da platéia escolher e depois adivinhava qual foi.
Os palhaços são os mesmos de hoje, com suas piadas que divertem ao menos as crianças. Carros que se desmontavam no palco, chapéus com flor que joga água e coisas do gênero.
E havia os equilibristas, atravessando de um lado a outro num fio, os malabaristas, com suas pilhas de pratos, os contorcionistas (mais raros), saindo de dentro de uma caixa onde caberia uma bola (exagerei um pouco) e os trapezistas, isso mesmo, os que saltam no ar a procura das mãos precisas do parceiro pendurado no outro trapézio. No final, eles saltavam sobre a rede de proteção e eram ovacionados.
Não posso deixar de falar sobre o bendito (ou maldito) globo da morte. Até hoje me fascina e aterroriza aqueles homens nas suas motos, acelerando em primeira marcha, nunca se esbarrando, num círculo eterno, o cheiro do óleo queimando. É lógico que nessa época nem se falava em proteção da coluna nem joelheira nem cotoveleira; o máximo era um capacete que acredito que se tratava do modelo mais barato, pois esses circos eram bem pobrezinhos.
Guloseimas e souvenirs sempre na entrada e na saída e às vezes no intervalo. Pipoca, algodão doce e maçã do amor, sem culpa. Chaveirinhos, bexigas e outros pequenos mimos, que nossos pais sempre fingiam não ver para não ter que comprar.
Levei meu filho ao circo, faz uns dois anos. Não tem mais cheiro de esterco, não tem mais serragem. Perdeu a graça.
Fui!

domingo, 30 de maio de 2010

A praça


A rua em que eu morava era extensa. Lá no início tinha uma pedra enorme, quase na esquina e tinha uma coleguinha da escola que morava numa casa bem em frente a essa pedra.
Vindo na direção da minha casa, havia uma pracinha, onde meu pai sempre me levava pra brincar. Não tinha escorregador, gangorra, nada disso. Apenas bancos, grama, flores e árvores. Certa vez, eu estava brincando e pisei num enorme formigueiro. Lembro de ver uma das minhas pernas coberta de formigas até o joelho, embora não me lembre de ter sido picada por alguma delas.
Do outro lado de uma das esquinas dessa praça foi inaugurada uma padaria, no imóvel que anteriormente já havia sido uma pizzaria e churrascaria. Recordo que eu e meu pai ficávamos tentando adivinhar qual seria o nome da padaria, porque na fachada estava escrito “Pães e Doces ☆☆☆”.
Numa de suas árvores escrevi meu nome, mas nunca mais voltei lá pra conferir se ainda existe e também nem me lembro em qual das árvores fiz minha gravação.
Essa pracinha era um lugar onde aconteciam alguns eventos, digamos assim. A vacinação anti-rábica, por exemplo. Era o dia dos cães passarem nas suas coleiras em direção a tão temida injeção e dos gatos ariscos muitas vezes chegarem no local presos em carrinhos de feira.
Também era nessa praça que havia a distribuição dos doces no dia de São Cosme e São Damião. As crianças eram educadinhas. Ficavam na fila pacientemente aguardando sua vez e sem tumulto. Outros tempos.
Posso dizer que esse lugar me traz muitas recordações da infância e adolescência, porque também foi m frente a essa praça que morou senão a melhor, uma das melhores amigas que eu tive. Mas essa é uma história que eu vou contar mais pra frente, pois quando a conheci eu já tinha 18 anos, então vou continuar respeitando a cronologia dos fatos.
A praça ainda existe, assim como a padaria.
A pedra do início da rua foi implodida.
Muito bom ter tudo isso na memória.
Fui!

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Amiguinhos - Parte I


Como eu morei durante mais de 20 anos na mesma casa, meus amigos de infância foram praticamente os mesmos da adolescência e com alguns mantenho contato até hoje.
Mas hoje vou falar de pessoas que nunca mais vi e se encontrei, não reconheci.
Minha casa era independente, mas do lado esquerdo havia uma casa geminada que era a primeira de uma vila. Não me lembro precisamente da quantidade de casinhas, mas várias famílias moravam lá. Eram os famosos “cômodo e cozinha”, sem sala e sem privacidade, por que as portas e janelas eram de frente umas das outras e os quintais separados por um muro baixinho. Entre a casa ao lado da minha e as demais, havia um terreno que servia para diversos fins: pátio, garagem, ateliê, depósito e afins. Havia muita rotatividade. Com raras exceções, ninguém morava ali por muito tempo; não me pergunte o motivo.
Certa vez, morou uma família de negros que eram os pais e três filhos. A única menina tinha a minha idade e logo se tornou minha amiga. Os meninos eram menores e um deles arrastava uma perna, acredito que por conta de paralisia infantil ou má formação mesmo, sei lá. Nós brincávamos muito, no terreno ou na casa deles. Os pais trabalhavam, então os três ficavam sozinhos em casa e minha amiguinha ficava responsável por eles e pela casa. E olha que ela tinha apenas uns 8 anos...
Eles eram evangélicos de alguma igreja pentecostal. Uma vez fui com eles num culto e na hora do louvor (que é quando todos os fiéis se ajoelham e fazem suas orações num volume além das expectativas) nós gritamos e rimos muito. Foi mais divertido do que propriamente um ato de fé. Por causa da religião, no dia de Cosme e Damião eles eram proibidos de ir até a pracinha que ficava perto de casa para pegar doces, mas a gente sempre dava um jeito e todo mundo acabava comendo.
Não me recordo quando, como ou por que eles se mudaram, mas a verdade é que nunca mais os vi e como não me lembro nem do nome deles, não há Orkut no mundo que me faça reencontrá-los.
Fui!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

O rádio


Não sei por que eu acordava tão cedo, visto que nessa época eu nem estudava, mas o fato é que me lembro do cheiro do café fresquinho, do meu pai com o saquinho de leite e a bengala na mão (não, ele não se apoiava nela. Hoje em dia não se vê em qualquer padaria, mas não se comprava pão francês e sim bengala. Parecia uma baguete, só que mais gordinha. Se você nunca viu nem ouviu falar, joga no Google) e a voz inconfundível do locutor Zé Betio. Todas as mães dos anos 70 ouviam esse programa de rádio. Era uma coisa hilária, o sonoplasta colocava uns sons conforme a pedida, exemplo: “Joga água nele!!”, então ouvia-se o som de água atingindo alguma coisa, ou quando ele falava do homem gordo dormindo e roncando, tocava uma corneta. Era simplesmente o máximo em humor a partir das 5 da matina, tem noção? Ah, e com um detalhe: o volume era alto e em bom som, de todos os rádios da vizinhança.
Aliás, nessa época, havia vários programas de rádio, na freqüência AM, que faziam muito sucesso entre as donas de casa. E como todas gostavam de exagerar no volume, mesmo que a sua mãe não gostasse de um locutor, acabava ouvindo de qualquer jeito. Minha mãe por exemplo não suportava o Gil Gomes, que era um repórter policial sensacionalista (ainda vive será?) que narrava histórias de arrepiar os cabelos, com uma voz muito peculiar, porém havia alguma vizinha que não perdia um só programa dele e como sempre ouvia no volume muito alto, minha mãe acabava ouvindo sem querer. Havia também o Eli Correia (também não sei se ainda existe), que contava umas histórias tristes demais, trágicas, de fazer chorar até um psicopata, num programa chamado “Que saudade de você”.
A rádio da moda era a Rádio América, que já dava sinais dos novos tempos, com um formato mais moderno e radialistas menos dramáticos. Havia um programa que chamava Dose Dupla, onde o locutor executava duas vezes a mesma música, na seqüência. A gente ouvia tranqüilamente Jane e Herondi, Gretchen e Nahim (não conhece? Google neles!) e ainda torcia pra ouvir a vinheta que indicava que a música tocaria novamente (ai gente, para! Nós éramos crianças...).
Ah, outro dia eu falo do despertar das rádios FM e dos programas modernos, mas não menos bregas, que rolavam nos anos 80.
Fui!

domingo, 25 de abril de 2010

A outra casa

Vivi durante 23 anos nesta casa e ainda hoje ela aparece nos meus sonhos.
Minhas lembranças de infância e adolescência foram todas vividas naquele endereço.
A casa nem era tão grande, mas tinha um quintal enorme, em declive. O muro ao redor e as paredes de fora da casa eram crespas, como um Chokito. Todos que passaram por lá, pelo menos uma vez arrancaram a pele do cotovelo nas pedras que saltavam das paredes.
Dormíamos eu, minha mãe e minha irmã num quarto e meu pai no porão, que era embaixo do quarto, mas a entrada não era dentro de casa, era um cômodo independente.
Porque meu pai e minha mãe não dormiam juntos? Sei lá, pergunte a eles!
Meu irmão a príncípio dormia com meu pai, mas logo ele se casou e meu pai ficou sozinho. Sabe que hoje me incomoda um pouco pensar que meu pai dormiu tantos anos num porão? Mas enfim, eu era criança e isso não me importava. Na adolescência também não fazia diferença, afinal, você conhece algum adolescente que se preocupe com alguma coisa que não seja com seu próprio mundinho e seus próprios dramas?
O quintal enorme se estendia pela lateral esquerda de um L, com a casa erguida à direita, geminada. Na frente da casa havia um jardim, onde minha cultivava várias flores, folhagens e uma arvorezinha de pequeno porte e ao lado dele estava a garagem, que só foi usada por convidados e vizinhos, pois nessa época ninguém da família tinha carro. Aliás, meu pai nem minha mãe nunca dirigiram. Minha irmã bem que tentou, mas foi infeliz no volante, enfiando o fusca de um namorado dela no muro de uma casa, na esquina da nossa rua. Minha mãe, num gesto de proteção e autoritarismo, rasgou a carteira de habilitação recém estreada e minha irmã nunca mais dirigiu. Meu irmão dirigia, mas foi ter um carro só depois que se casou. Eu só fui dirigir depois que meu filho nasceu.
O único banheiro era minúsculo e a descarga era daquelas que a caixa tem uma cordinha pra puxar (joga no google). A água do chuveiro estava sempre pelando, sei lá por que. Os demais cômodos eram todos do mesmo tamanho, não muito grandes, mas também não muito pequenos. O piso da sala era taco e havia vários soltos, por que quando chovia havia uma cascata que descia pela parede, sem contar as goteiras. O piso do quarto também era de madeira, o que facilitava o aparecimento de pulgas, por mais que minha mãe combatesse (se você for de uma geração posterior a minha, só conhece pulga de animais, mas nessa época elas viviam escondidas no vão dos pisos das casas, nos colchões e poltronas de cinema, e comumente eram trazidas da rua, pois pegavam carona nas nossas roupas e pulavam em outra vítima. Show de horror!).
Nada de luxo, tudo muito simples, mas vivi a metade da minha vida nesta casa, de onde trago muitas lembranças, algumas muito boas, poucas nem tanto, mas com certeza vocês estão para conhecer as melhores histórias!
Fui!

domingo, 11 de abril de 2010

Teatro


Hoje levei meu filho ao teatro para assistir "O Patinho Feio".
Acredito que quando eu era criança esse acesso fosse mais difícil, pois me lembro de ter ido apenas UMA vez ao teatro.
Minha irmã, que era normalmente quem me levava a esses programas culturais, me levou pra assistir "Romeu e Julieta", numa versão do Maurício de Souza, onde o casal tragicamente apaixonado chamavam-se Julieta Monicapuleto e Romeu Montéquio Cebolinha. Aliás, tudo na minha vida sempre girou em volta da personagem dentuça. Porém, meu nome não tem relação direta com a garotinha gorducha e sim com a filha do casal Eduardo e Sylvinha Araújo (joga no Google), dos quais minha irmã era fã.
Bem, mas voltando a peça, depois de assisti-la, ganhei o disco (não de pizza, de vinil) com as músicas da peça que vinha com um encarte com máscaras destacáveis dos personagens principais. Sinceramente, lembro mais do LP do que do espetáculo, talvez porque eu tenha ouvido as músicas exaustivamente, decorando todas.
Essa foi minha primeira vez no teatro, e talvez a única da infância. Nem de peças na escola eu me lembro. E olha que um dia já quis ser atriz, mas essa é outra história.
Fui!

domingo, 4 de abril de 2010

Domingos

"Domingo eu quero ver o domingo passar.
Domingo eu quero ver o domingo acabar." (Titãs)


O domingo sempre foi um dia estranho. É o final do final de semana, mas é o primeiro dia da semana... meio confuso isso né?
Pois bem. Acredito que quando somos crianças, tanto faz o dia da semana, principalmente quando ainda não se vai a escola. Todos os dias são bem parecidos.
Talvez a única diferença que se nota é que todos da casa estão presentes e pode-se acordar mais tarde. Depois vamos percebendo que o almoço de domingo é sempre mais tarde que o habitual e normalmente o prato do domingo é especial.
Minha irmã sempre fez faxina em casa aos sábados. Não sei porque minha mãe não fazia, se era ela quem ficava em casa todos os dias.
Meu irmão tinha muitos amigos e passava o final de semana com eles. Não na minha casa, porque dificilmente nossos amigos frequentaram nossa casa. Ah, porque meus pais não gostavam de música alta, cheiro de cigarro, garrafas de cerveja e palavrões. Então era difícil levar alguém em casa.
Como meus pais frequentavam a igreja presbiteriana (joga no google), todos os domingos eu acordava cedo pra ir a igreja com eles e participar da escola dominical. Meus irmãos? Nessa época eles nem iam mais.
Minha irmã caia na gandaia no sábado a noite e amanhecia na rua e meu irmão só chegava na hora do almoço (na verdade bem mais tarde), chapado normalmente. Aí era a hora que toda a oração da manhã não tinha valia, porque os ânimos se exaltavam. Todos porque ele chegava e a cozinha estava limpinha e aquilo não hora de chegar pra almoçar. Ele porque todo mundo pegava no seu pé e não o deixavam viver como ele queria.
O especial de domingo era panqueca, lasanha ou macarrão com frango, regados com refrigerante (é, refrigerante só no domingo e nada de coca-cola porque vicia). De vez em quando minha mãe resolvia tomar uma malzebier, mas só quando meu irmão não estava, porque ele não era de tomar UMA cerveja.
Depois assistíamos o programa Silvio Santos e o Fantástico (sim, como hoje ainda), simplesmente porque não havia outra alternativa.
E nada de tv até tarde! Amanhã é segunda-feira e todo mundo acorda cedo.
Fui!

sábado, 3 de abril de 2010

Páscoa

Não tenho nenhuma lembrança especial de páscoa na infância.
Desde que me lembro, sempre fui apaixonada por chocolate. Porém, num aniversário de sei lá quantos aninhos, uma amiga (ou vizinha) nossa me deu uma barra de chocolate de presente. Me senti tão ultrajada que disse pra ela "chocolate não é presente!". Quase matei minha mãe de vergonha, mas criança é assim mesmo, fala o que pensa.
Minha irmã diz que minha paixão se deu ainda quando eu era ainda nenenzinha, na ocasião em que ela, que gostava de chocolate mole, colocou um pedaço numa colher e aqueceu pra derreter. Quando ela viu eu me aproximando, esqueceu que tinha acabado de apagar o fogo e com gula e egoísmo, enfiou a colher na boca... Fritou a língua no metal e o céu da boca no chocolate. E eu com aquela carinha "que é isso, tatá?". O castigo serviu de lição e desde então todo chocolate que pintava em casa tinha minha parte reservada.
Meu filho também gosta de chocolate tanto quanto eu, culpa minha mesmo que sempre incentivei seu paladar a acostumar e gostar da iguaria. Infelizmente às vezes, quando o pedaço é pequeno ou trata-se de apenas um bombom, abro mão a seu favor. Mas confesso que muitas vezes me dói o coração ter que faze-lo.
Então é isso. Feliz Páscoa a todos!
Como eu costumo dizer: nascer é fácil, ressuscitar é que são elas.
Fui!

sábado, 27 de março de 2010

Minha mãe

Estive pensando: tenho tantas lembranças do meu pai e quase nenhuma da minha mãe. Surgiu uma certa preocupação e até sentimento de culpa, porque ela está comigo até hoje e já passamos por tantas situações... Como posso nter tão poucas lembranças dela na minha infância? Talvez porque mãe é quem educa, fica responsável pela parte chata que inclui proibir e podar certas atitudes.
Nessa primeira fase da minha vida, lembro-me dela sempre na cozinha, fazendo crochê, pintando tecidos, costurando. Uma dona de casa que acredito ser como a maioria daquela época.
Nunca vi ela e meu pai se abraçando ou se beijando, mas a convivência era de muito respeito entre eles. Talvez fosse o suficiente para ficarem casados até que a morte os separasse.
Não me lembro dela brincando comigo e ao contrário do meu pai que amava a leitura, esse não era seu forte.
Ela costumava contar histórias para eu ormir, mas normalmente eu ficava esperando o final da fábula, porque ela dormia antes de mim...
Outra coisa que também melembro é de uns bonequinhos que ela fazia com a casca de laranja, pequeninos, que ela esculpia com uma faquinha que era exclusiva para descascar a fruta. E havia também um ossinho do frango em forma de Y, que ela colocava pra secar e depois eu e meu pai, cada um pegava numa pontinha do osso e puxava. Quem ficasse com a parte maior do Y ganhava, mas nunca se recebia prêmio algum.
Minha mãe sempre foi muito vaidosa. Sempre me lembro dela bem vestida, mesmo pra ficar em casa. Cabelos tingidos, bem cortados, unhas feitas. Até hoje, no alto dos seus 83 anos, ela continua exigente com a aparência.
Seu carinho nunca foi expresso por toques, abraços ou beijos. Ela nunca teve jeito pra essas coisas. Sua atenção com a família era transmitida através de uma comida que estávamos com vontade e ela fazia, de uma roupa que queríamos usar em certa ocasião e ela nos entregava lavada e passada, na casa sempre em ordem. Mas nada de colo, nunca.
Por hoje é só!
Fui.

domingo, 21 de março de 2010

Festinhas I

Hoje fui com minha família ao aniversário de 1 aninho da filha de uns amigos, programinha básico de domingo e não pude deixar de lembrar das festinhas da minha infância.
Antes de mais nada, esqueça tudo isso de buffet, brinquedos eletrônicos, temas infantis. Não existia nada disso, pelo menos não nas festas que minha mãe fazia pra mim e nem nas que eu frequentava.
O bolo era feito em casa mesmo, no meu caso eram minha mãe e minha irmã que se revezavam nesta tarefa.
Não me lembro também de tantos sabores: ou era pão-de-ló (branco) ou de chocolate. O recheio nomalmente era de doce de leite com ameixa ou uma maçaroca de mingau de maizena com alguma fruta (pêssego em calda ou abacaxi). A cobertura era de glacê, que nada mais era do que claras batidas em neve com açucar, que minha jurou a vida toda que bastavam umas gotinhas de limão ou umas raspinhas do dito cujo que o cheiro do ovo desaparecia (tudo mentira!).
Embora brigadeiro seja tudo de bom, não me lembro de docinhos nas festas, mas acredito que eram servidos sim.
Os refrigernates eram servidos em garrafinhas individuais, de vidro. Todo mundo tinha em casa pelo menos uma caixa de garrafas vazias (chamávamos de casco) de refrigerante de 1 litro, cerveja (que também servia para a delíciosa tubaína) e essas garrafinhas menores. Tudo retornável. Levava vazia, trocava pela cheia. Normalmente o armazenamento dos cascos não era feito com a higiene que deveria, então era comum encontrar baratas e outros insetos "morando" em seu interior (eeeeeca!).
Também não me lembro dos clássicos salgadinhos de festa, mas havia duas "especiarias" que não podiam faltar: aquelas batatinhas nadando no óleo, temperadas com cebola e salsinha e os picles, que eram servidos espetados num palito de dente, juntamente com um pedaço de salsicha. Detalhe: o luxo era espetar os palitos prontos num repolho (sim, o legume) que normalmente era prateado (efeito do papel alumínio que o encapava).
Não sei se tive muita festas de aniversário, mas lembro de algumas poucas onde o cenário era sempre esse. Na verdade, nem sei se essas comemorações eram na minha casa ou de outras pessoas. Só sei que eram assim as festinhas da minha infância.
Como sempre, vou procurar algumas imagens para postar abaixo.
Fui!












sábado, 20 de março de 2010

Passeando

(agradeço aos amigos que tem lido e opinado a respeito do meu blog. Até agora não recebi nenhuma crítica, o que não significa que esteja no caminho certo.
Quero responder algumas questões:
- eu nasci em 1971, em plena Ditadura Militar, o que significa que minha infância se passa durante a década de 70;
- sim, eu vou contar histórias envolvendo meus amigos, mas suas identidades serão SEMPRE preservadas;
- não, nada de pessoas que não valem a pena. só histórias que me trazem boas recordações.
Não sei quantos posts serão necessários para ilustrar minha infância, portanto, tenham paciência. Mais dia, menos dia, vocês se verão retratados aqui)

Antes de eu nascer, meus irmãos tiveram seus cães de estimação, mas com a morte deles e a dor da perda causada em seus filhos, minha mãe decidiu que NUNCA mais queria saber de "bicho em casa".
Mas meu pai sempre gostou de cães e nos nossos passeios ele sempre se arriscava fazendo um carinho nos cachorros que encontrava pelo caminho, mesmo os que estavam presos em seus quintais, atrás das grades dos portões. Eu morria de medo!!! Sempre esperei que o cachorro a ser afagado não entendesse as boas intenções do meu pai e lhe fincasse os dentes, mas isso nunca aconteceu. Mesmo assim, até hoje, prefiro manter uma distância segura dos portões onde sei que há um cachorro do outro lado, ainda que só para não ouvi-lo latir.
Ah, e as balas? Sim, meu pai sempre comprava uma balas de côco, daquelas cobertas com acuçar queimado, sabe? (não sabe? se eu encontar alguma imagem, colo abaixo do post). Era um pouco dura a casquinha, principalmente a parte de baixo, onde escorria o açucar, mas era simplesmente uma delícia! Ainda hoje tem gente vendendo por aí, mas eu nunca comprei. Talvez aquela fosse tão gostosa pelo fato de ser ganhada, de significar que mais um passeio havia terminado, da despreocupação com prazo de validade ou da procedência duvidosa.
Acredito que depois que nos mudamos da primeira casa, esses passeios tornaram-se mais raros, pois fomos morar numa parte mais baixa do bairro e para ir ao comércio era necessário subir uma ladeira e tanto.
Obrigada pai, por me trazer essas lembranças tão doces!
Fui!


Balas de côco (tem tudo nessa internet!)

sexta-feira, 19 de março de 2010

O Cuco

Quando ainda morávamos nessa primeira casa que me recordo, meu pai trabalhava como padeiro à noite, num tempo em que não havia "pão quente a toda hora" e os fornos eram a lenha. Era ele quem preparava a primeira fornada que sairia pela manhã, sendo assim, chegava em casa por volta das 5 ou 6 da manhã (veja bem, acredito que era nesse horário, porque nessa época eu nem me ligava em relógio) com o pão quentinho e o leite (de saquinho).
Depois do café ele dormia até a hora do almoço e depois era todo meu!
Meu pai mancava de uma perna, devido uma fratura mal engessada e seus passos sempre foram inconfundívieis.
Ele tinha uma letra linda, bem desenhada, daquelas que a gente só vê em envelope de convite de casamento, saca? Gostava muito de ler e não tinha restrições: enciclopédias, revistas, jornais, bula de remédio (somos parecidos nesse ponto). Ah, mas seu maior prazer era a matemática.  Acredita que ele ficava inventando contas de multiplicar e dividir com 8, 9 ou mais dígitos só pra mostrar o resultado e dizer que não precisava de calculadora??
Me ensinou a ver as horas e a escrever antes que eu frequentasse a escola.
Mas eu entrei hoje pra contar uma história e fiquei contando outras...
Então vamos lá: meu pai me levava sempre para ver o cuco. É, um relógio cuco que ficava exposto numa loja que ficava numa ladeira da Penha, onde só haviam relojoarias e joalherias. Nós chegávamos e meu pai pedia pra acertarem o relógio (sim, porque pra quem não sabe, o cuco só aparece em hora cheia) só pra eu ver o cuco! Sinceramente, não sei porque eu gostava tanto, mas hoje vejo meu filho ter a mesma curiosidade, então acho que deve ser realmente especial ver o passarinho fake saindo por aquela porta e gritando CUCO, CUCO, CUCO!
Essa é com certeza uma das melhores recordações que guardo do meu pai, que virou estrelinha, como costumo explicar a morte pro meu filho.
Fui!

Relógio cuco (é o nome do passarinho fake)

quinta-feira, 18 de março de 2010

Rapidinha

Calma, não se apavorem, eu não fiz isso quando era criança.
É que hoje foi um dia tumultuado e só entrei pra não perder a mão.
Lembrei-me que quando criança, eu adorava azul. Queria tudo azul: roupas, sapatos, anéis, meias, tudo azul mesmo! Até que um dia encafifei (essa palavra existe??) que havia de existir uma flor azul, e não é que existia?! Minha mãe me falou de uma florzinha chamada miosótis que era dessa cor e eu fiquei tão feliz e realizada com tal revelação que me contentei somente com a informação, sem NUNCA ter visto a bendita flor anil.
Com o tempo meu gosto por cores e flores foram mudando e decidi prestar hoje uma homenagem a flor que me eu acho mais maravilhosa do mundo todo (no momento!).
Fui!


quarta-feira, 17 de março de 2010

A primeira casa

Minha mãe fica impressionada pois me lembro da casa onde morávamos quando eu tinha menos de 2 anos. Era uma casa de fundos, a entrada principal era lateral e subíamos uma escada de lajota vermelha (joga no google) e a parede estava descascando (eu me sentava no degrau e ficava puxando e comendo as cascas... eca!). O quintal não era muito grande e tinha uma entrada para a sala e outra para a cozinha, ambas laterais. A sala era um luxo! Enooooooorme, com um sofá maior e duas poltronas LARANJA E BRANCO, saca? Havia um lustre de plástico, pendurado, redondo, a parte de cima laranja e a debaixo branca, pra combinar com o sofá. A mesinha de centro era de madeira, daquelas com os pernas trabalhadas e tortinhas, e no tampo uma toalha de crochê (sempre, só mudava a cor e o modelo) e sobre ela um enfeite que era um clássico da época: uma base de metal no formato de uma meia-lua, de onde saiam várias varetas como arames, só que molengas e na ponta de cada uma delas havia uma bolinha. A diversão de qualquer criança era juntar e soltar, só pra ver as bolinhas irem e virem (se eu encontrar alguma foto na internet, eu posto). A TV era uma Telefunken (acredito que uma boa marca) de 26 polegadas (um cinema!), parecia um frigobar de tão grande! A imagem era preta e branca e a antena ficava sobre a televisão, ao lado do estalibilizador (fala sério!). Eu adorava quando "queimava" um válvula e meu pai abria a parte de trás para trocar. Era um universo a parte interna da TV!
Ah, e onde eu ouvia os LP's mesmo? Numa vitrola (joga no google) Philips. Gente, era tudo! Era uma maleta, você abria e a tampa era o auto-falante! Fascinante! Depois de muitos e muitos anos já ouvindo cd's ainda tivemos que comprar uma briga com minha mãe para nos livrarmos do objeto...
Nesse quintal, havia mais duas casas, sendo uma do proprietário e outra alugada como a nossa. As únicas crianças éramos eu e o filho da dona da casa que tinha a mesma idade que eu. Não me lembro se brincávamos juntos, mas me lembro dele.
Depois que me mudei, nunca mais tivemos contato. Depois de muito tempo, minha mãe comentou que todos da família dele morreram, inclusive o próprio.
Por hoje é só!
Fui!

olha aí o bendito enfeite de mesa...











eis o estabilizador (imagine sobre a tv, que luxo!)










válvula básica...










e essa aí é vitrola... fofa né??

terça-feira, 16 de março de 2010

Cheguei!!

Eu sou a famosa raspa do tacho, saca?
Sou filha da menopausa, aquela que sua mãe jurou que não ia pegar nada e 9 meses depois lá estava o bebezinho!
Nasci num feriado de Corpus Christi, à tarde, num hospital que nem existe mais ali no Tatuapé.
Na época da adolescência eu associava minha preguiça constante ao fato de ter nascido num feriado, o que não é verdade, porque TODAS as adolescentes são preguiçosas, mas isso só fui constatar depois.
Minha irmã diz que eu era a mais cabeluda do berçário, e a mais linda também! hehe
Aliás, sou caçula de três irmãos. O mais velho tinha 21 quando nasci (o do meio morreu antes de completar 6 meses de vida) e minha irmã tinha 18 quando cheguei nesse mundo de meu Deus.
Dizem que falei e andei antes de completar 1 ano e larguei as fraldas cedo também.
Minha família morava na Penha e foi lá que passei toda minha infância e adolescência, durante muitos anos na mesma casa.
Por conta da idade dos meus irmãos, sempre tive pais ao quadrado. Isso quer dizer que fui mimada, sempre tive meus privilégios. Mas também fui cobrada duplamente muitas vezes e essa foi a parte não muito legal.
Sempre ouvi boa música, graças ao bom gosto de todos. MPB, rock, música clássica, música caipira (não esse sertanejo de hoje), samba (nada de pagode, samba mesmo).
Meu irmão trabalhava com música, então em casa sempre tinha LP novo (não é da sua geração? joga no google).
Eu morria de medo da capa do disco dos Secos e Molhados e minha irmã fazia questão de me mostrar só pra me ver chorar! kkkkkkkkk
E também tinha medo de uma música que tinha no LP da Turma da Mônica, do personagem Horácio, era um coral e eu ficava aos prantos quando ouvia! kkkkkkkkkk

Bem , por hoje é só pessoal! Fui...