sexta-feira, 14 de maio de 2010

Amiguinhos - Parte I


Como eu morei durante mais de 20 anos na mesma casa, meus amigos de infância foram praticamente os mesmos da adolescência e com alguns mantenho contato até hoje.
Mas hoje vou falar de pessoas que nunca mais vi e se encontrei, não reconheci.
Minha casa era independente, mas do lado esquerdo havia uma casa geminada que era a primeira de uma vila. Não me lembro precisamente da quantidade de casinhas, mas várias famílias moravam lá. Eram os famosos “cômodo e cozinha”, sem sala e sem privacidade, por que as portas e janelas eram de frente umas das outras e os quintais separados por um muro baixinho. Entre a casa ao lado da minha e as demais, havia um terreno que servia para diversos fins: pátio, garagem, ateliê, depósito e afins. Havia muita rotatividade. Com raras exceções, ninguém morava ali por muito tempo; não me pergunte o motivo.
Certa vez, morou uma família de negros que eram os pais e três filhos. A única menina tinha a minha idade e logo se tornou minha amiga. Os meninos eram menores e um deles arrastava uma perna, acredito que por conta de paralisia infantil ou má formação mesmo, sei lá. Nós brincávamos muito, no terreno ou na casa deles. Os pais trabalhavam, então os três ficavam sozinhos em casa e minha amiguinha ficava responsável por eles e pela casa. E olha que ela tinha apenas uns 8 anos...
Eles eram evangélicos de alguma igreja pentecostal. Uma vez fui com eles num culto e na hora do louvor (que é quando todos os fiéis se ajoelham e fazem suas orações num volume além das expectativas) nós gritamos e rimos muito. Foi mais divertido do que propriamente um ato de fé. Por causa da religião, no dia de Cosme e Damião eles eram proibidos de ir até a pracinha que ficava perto de casa para pegar doces, mas a gente sempre dava um jeito e todo mundo acabava comendo.
Não me recordo quando, como ou por que eles se mudaram, mas a verdade é que nunca mais os vi e como não me lembro nem do nome deles, não há Orkut no mundo que me faça reencontrá-los.
Fui!

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