segunda-feira, 3 de maio de 2010

O rádio


Não sei por que eu acordava tão cedo, visto que nessa época eu nem estudava, mas o fato é que me lembro do cheiro do café fresquinho, do meu pai com o saquinho de leite e a bengala na mão (não, ele não se apoiava nela. Hoje em dia não se vê em qualquer padaria, mas não se comprava pão francês e sim bengala. Parecia uma baguete, só que mais gordinha. Se você nunca viu nem ouviu falar, joga no Google) e a voz inconfundível do locutor Zé Betio. Todas as mães dos anos 70 ouviam esse programa de rádio. Era uma coisa hilária, o sonoplasta colocava uns sons conforme a pedida, exemplo: “Joga água nele!!”, então ouvia-se o som de água atingindo alguma coisa, ou quando ele falava do homem gordo dormindo e roncando, tocava uma corneta. Era simplesmente o máximo em humor a partir das 5 da matina, tem noção? Ah, e com um detalhe: o volume era alto e em bom som, de todos os rádios da vizinhança.
Aliás, nessa época, havia vários programas de rádio, na freqüência AM, que faziam muito sucesso entre as donas de casa. E como todas gostavam de exagerar no volume, mesmo que a sua mãe não gostasse de um locutor, acabava ouvindo de qualquer jeito. Minha mãe por exemplo não suportava o Gil Gomes, que era um repórter policial sensacionalista (ainda vive será?) que narrava histórias de arrepiar os cabelos, com uma voz muito peculiar, porém havia alguma vizinha que não perdia um só programa dele e como sempre ouvia no volume muito alto, minha mãe acabava ouvindo sem querer. Havia também o Eli Correia (também não sei se ainda existe), que contava umas histórias tristes demais, trágicas, de fazer chorar até um psicopata, num programa chamado “Que saudade de você”.
A rádio da moda era a Rádio América, que já dava sinais dos novos tempos, com um formato mais moderno e radialistas menos dramáticos. Havia um programa que chamava Dose Dupla, onde o locutor executava duas vezes a mesma música, na seqüência. A gente ouvia tranqüilamente Jane e Herondi, Gretchen e Nahim (não conhece? Google neles!) e ainda torcia pra ouvir a vinheta que indicava que a música tocaria novamente (ai gente, para! Nós éramos crianças...).
Ah, outro dia eu falo do despertar das rádios FM e dos programas modernos, mas não menos bregas, que rolavam nos anos 80.
Fui!

Um comentário:

  1. Caramba amiga, é mto bom ver seu blog e viajar no tempo, parabéns vc esta escrevendo mto bem.
    Beijocas da Gé

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