quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Inverno

Quando eu era criança o inverno era frio messsssssmo! Lembro-me de ir pra escola usando luvas, botas, ivanhoé (uma touca que cobria o pescoço também, uma coisa Idade Média), uniforme sobre o pijama. Era impossível escrever, pois os dedos ficavam duros e bastava parar um pouquinho de brincar para o corpo começar a tremer, batendo os dentes.
O leite não era de caixinha, vinha num saquinho que minha mãe colocava num suporte de plástico e cortava a ponta. O inverno era tão rigoroso que muitas vezes o leite congelava e não passava pelo buraco, obrigando um talho maior ou alguma paciência esperando descongelar.
Da torneira da cozinha não saía nada, pois a água havia congelado no cano.
Há dois quarteirões da minha casa havia nessa época a padaria mais próxima, que ficava na esquina da rua onde acontecia a feira de 4ª feira. Na marquise dessa padaria dormia um mendigo, daqueles conhecidos do bairro, que as pessoas “ajudam” pagando um rango, dando um dinheirinho, doando um cobertor. Num dia desses de frio intenso, meu pai chegou com a notícia que o coitado havia sido encontrado morto ali na calçada. O papelão, o cobertor e a pinga não foram capazes de aquecê-lo.
Fui!

Nenhum comentário:

Postar um comentário